A Decadência Final Do Açúcar Brasileiro


Ao lado do açúcar e do tabaco , produtos voltados para o mercado
externo , desenvolveram-se algumas atividades acessórias, com vistas a
subsistência dos trabalhadores e, portanto, ao funcionamento da
economia de exportação. Essa incipiente agricultura de subsistência ,
que nunca adquiriu muita importância , era praticada em pequenas
propriedades , por camponeses e suas famílias , mestiços e índios
aculturados. Faziam parte desse cultivo , por ordem de importância , a
mandioca , o milho , o arroz e o feijão. O papel secundário atribuído
a agricultura de subsistência sempre trouxe graves  problemas
alimentares para a população colonial e , muitas vezes , a fome. Os
senhores se engenho , apesar da insistência das autoridades , não se
preocupavam com a produção de alimentos , preferindo dedicar todos os
seus recursos à cana: "O problema da carestia e da falta de alimentos
não existia para eles (os senhores de engenho) , e convinha-se muito
mais plantar a cana , embora  pagassem preços mais elevados pelos
gêneros que consumiam . E como eram eles que detinham a maior e melhor
parte das terras aproveitáveis , o problema da alimentação nunca se
resolverá convenientemente . A população colonial, com exceção apenas
de duas classes mais abastadas , vivera sempre num crônico  estado de
subnutrição . A urbana naturalmente sofrera mais , mas a rural também
não deixará de sentir os efeitos da ação absorvente e monopolizadora
da cana-de-açúcar , que reservara para si as melhores terras
disponíveis ". Expulsos do Brasil  em 1654, os holandeses dirigiram-se
para as Antilhas , na América Central. Aí , com base na experiência
que haviam adquirido no Brasil, começaram a cultivar grandes
plantações de cana. Como vimos , os holandeses dominavam o comércio de
açúcar na Europa. Compravam o açúcar de Portugal, quando não o
produziam no Nordeste brasileiro , e o vendiam aos consumidores
europeus. O desenvolvimento de sua produção nas Antilhas trouxe duas
consequências prejudiciais ao Brasil:

- Os holandeses não precisavam mais do açúcar brasileiro para vender
na Europa , pois tinham a sua produção das Antilhas.

-Produzindo eles mesmo o açúcar , podiam vendê-lo por um preço mais
baixo que o de Portugal.

Diminuindo as vendas  e os preços , baixaram os lucros do comércio
açucareiro português e , consequentemente , caiu a produção. Além do
açúcar holandês das Antilhas , outro concorrente contribuiu para a
decadência do açúcar brasileiro: o açúcar de beterraba que, nessa
época , já era produzido em grande escala na Europa.  Para fazer
frente a essas dificuldades, uma das medidas aplicadas pela metrópole
foi aumentar a espoliação da colônia. Se nos séculos XVI e XVII o
produto recebia 33% do preço final do açúcar em Londres , no início do
século XVIII sua parte fora reduzida a apenas 20%. Nas décadas finais
do século XVII , ao mesmo tempo em que aumentava sua parte nos lucros
do comércio de açúcar , Portugal também se preocupava em encontrar uma
nova fonte de riquezas que pudesse substituir , ao menos e parte , o
que já não ganhava com a economia açucareira. A busca de metais
preciosos tinha sido sido sempre um objetivo dos colonizadores. Com a
decadência do açúcar , esse objetivo dos colonizadores. Com a
decadência  do açúcar , esse objetivo foi reforçado. Como já existiam
muitas expedições aventurando-se à procura de ouro no interior do
Brasil, a Coroa portuguesa ofereceu várias recompensas aos
bandeirantes que descobrissem metais preciosos. As primeiras grandes
minas do Brasil central foram descobertas já na  ultima década do século
, em 1692 e 1694, e fizeram os colonizadores do Brasil sorrir
novamente da satisfação, ante a perspectiva de novos lucros.