Enquanto algumas mutações, como a da anemia falciforme , alteram genes isoladamente - mutações gênicas -, outras podem alterar pedaços inteiros de cromossomos e modificar a sequência de genes em um cromossomo ou até o número de cromossomos; são as alterações ou mutações cromossômicas. Vimos que as mutações cromossômicas podem modificar o número de cromossomos (alterações numéricas) ou a sequência dos genes nos cromossomos (alterações estruturais). Uma alteração numérica pode ser causada por radiações ou substâncias químicas que atingem os fios de proteína (fuso mitótico) encarregados de puxar os cromossomos para os polos na divisão celular. Em alguns casos, todo o conjunto de cromossomos é afetado e formam-se indivíduos 3n (triplóides), 4n (tetraploides) , etc. Essa alteração , chamada euploidia, é comum em vegetais. Em algumas alterações numéricas , apenas alguns cromossomos são afetados e se originam indivíduos com número de cromossomos igual a 2n + 1.2n + 2, 2n-1, etc.; são as aneuploidias. A síndrome de Turner e a síndrome de Klinefelter são exemplos de aneuploidias dos cromossomos sexuais. A síndrome de Down (criança com deficiência mental, problemas no coração e em outros órgãos, baixa resistência a infecções , etc.) é um exemplo de aneuploidia nos autossomos ; portador dessa síndrome tem três cromossomos 21 (trissomia do 21 ). As mutações estruturais ocorrem quando radiações , vírus ou produtos químicos quebram pedaços de cromossomos . O pedaço quebrado pode se perder, unir-se a outro cromossomo, etc. Vemos os principais tipos de alterações estruturais. Em geral, elas provocam doenças , até mesmo o câncer , e infertilidade , mas , às vezes , originam outras combinações genéticas que servirão de matéria-prima para a evolução. Como já sabemos , a primeira parte do processo de evolução - caracterizada pela variedade genética - é feita ao acaso. A segunda - caracterizada pela seleção natural - não ocorre ao acaso , sendo influenciada pelos fatores ecológicos do ambiente. De forma simplificada , podemos dizer que os genes sofrem mutações aleatórias (no sentido de que seu aparecimento não é determinado por uma possível vantagem adaptativa); os indivíduos são selecionados em função de suas vantagens adaptativas , as populações evoluem. Como veremos , porém , a evolução das espécies é influenciada ainda por outros fatores, como a migração e a deriva genética. Os cientistas já estudaram vários casos de seleção natural. O processo é mais facilmente observado em populações que se reproduzem de forma rápida , como bactérias e certos insetos que atacam plantações. Em uma populações de insetos , a alta taxa de reprodução por via sexuada fornece populações extremamente variadas , nas quais a quantidade de genes mutantes diferentes é muito alta. Quando essa população é submetida a determinado inseticida por um período prolongado , os indivíduos sensíveis morrem e os mutantes resistentes sobrevivem. Gradativamente , geração após geração, diminui a quantidade de sensíveis e aumenta a de resistentes. Podemos entender a seleção natural como uma reprodução diferencial : no início , os mutantes resistentes são raros; a partir do momento em que o inseticida aparece , esses mutantes passam a ter muito mais possibilidade de sobreviver que os indivíduos sensíveis , que são a maioria da população. Assim, esses mutantes podem deixar uma prole maior , e os indivíduos sensíveis morrem antes de se reproduzirem ou vivem pouco tempo e deixam poucos descendentes. Por isso a frequência de indivíduos resistentes aumenta aos poucos e eles acabam constituindo praticamente toda a população. É importante ressaltar que a mutação resistente ao inseticida não foi provocada pelo produto. Ela já existia em baixa frequência. A ação do inseticida consistiu em selecioná-la positivamente e espalhá-la na população. É claro que esse tipo de inseticida se torna incapaz de controlar o crescimento dos insetos a partir do momento em que toda a população for constituída por mutantes resistentes.