Com o fim da Segunda Guerra e o inicio da Guerra Fria, os Estados Unidos se viram alçados ao posto da potencia hegemônica no bloco ocidental. Em 1945, fundaram o National War College (Colégio Nacional de Guerra), com o objetivo de integrar militares, industriais e o governo numa concepção de segurança nacional adequada à nova realidade mundial. Uma missão militar brasileira foi enviada para estudar a experiencia do NWC ainda no governo Dutra. Em 1949, foi fundada, no Brasil, a Escola Superior de Guerra (ESG) , com a orientação de uma missão militar norte-americana, que apoiou a instituição até 1960. Estudando os aspectos políticos, diplomáticos , econômicos e sociais do mundo, a ESG dedicou-se a formar altos oficiais das Forças Armadas como uma vanguarda preparada para dirigir o país, se fosse preciso. Por ela passaram figuras de grande importância na política nacional, como os generais Juarez Távora, Golbery do Couto e Silva, um dos principais ideólogos da implantação do regime militar brasileiro, e Humberto de Alencar Castelo Branco. No início dos anos 1960 , a ESG e sua Doutrina de Segurança Nacional passaram a ser um ponto de convergência , por onde também circulavam empresários, intelectuais e políticos civis. A DSN partia do principio da existência de uma guerra global contra o comunismo internacional. Como parte do Ocidente cristão, o Brasil devia aliar-se ao bloco ocidental, sob a liderança dos Estados Unidos. Logo após o golpe militar, esse ponto da doutrina foi atendido, com o rompimento de relações com a URSS e Cuba e a extinção da lei que, desde 1962, limitava a remessa de lucros para o exterior, beneficiando, sobretudo, as empresas americanas instaladas no país. Todavia, mais do que uma estratégia externa, a DSN pressupunha que a política interna era uma continuação da guerra. A noção de inimigo interno levava os defensores da doutrina a considerar os conflitos sociais e a mobilização das massas como estratégias do comunismo internacional. Com uma proposta que englobava questões politicas , econômicas e militares, cabia ao Estado, representado pelas Forcas Armadas, sobrepor-se aos embates sociais e garantir a construção de uma nação homogênea, sem divergências internas, onde o crescimento econômico surgisse como garantia da Segurança Nacional.