Muita gente pensa que o coração funciona como uma bomba aspirante-premente , isto é , que "chupa" o sangue e o "toca" para frente . Esse é um erro que você não deve cometer. O coração é , na verdade , uma bomba simplesmente premente. Quando ela se enche de sangue, está realizando uma diástole. Quando ela se contrai, está fazendo uma sístole. Ocorre , entretanto, que a sua contração, a sístole , é tão forte que propulsiona o sangue com pressão suficiente para circular por todo o organismo a voltar a ele, invadindo-o pelas aurículas ou átrios . Assim, quando acontece a diástole , o coração se dilata "passivamente" . Nesse momento , ele está relaxado. Está descansando. Imediatamente , sucede-se a sístole. Ele se contrai. Agora , já que a sístole é um movimento "ativo" , ele está efetivamente trabalhando. Como todo órgão, o coração trabalha e descansa intercaladamente. No longo do processo de evolução das espécies , o coração foi sendo aperfeiçoado. Nos peixes , ele possui apenas uma aurícula (átrio) e um ventrículo. O átrio é precedido por uma pequena dilatação chamada seio venoso. O ventrículo faz continuação com outra pequena dilatação- o bolso arterial. O sangue que circula pelo coração dos peixes é estritamente venoso. Quando surgiram os anfíbios na Terra, eles já traziam uma "inovação" no coração: a presença de três cavidades cardíacas - duas aurículas e um ventrículo. A aurícula direita do coração dos anfíbios corresponde perfeitamente à aurícula única dos peixes, pois recebe sangue venoso e é também antecedida por um seio venoso. A aurícula "nova" se situa do lado esquerdo e recebe sangue arterial, não sendo antecedida de nenhuma dilatação. Surgiu , assim, um novo tipo de coração, capaz de receber sangue venoso , mas também sangue arterial. Com efeito, o coração dos anfíbios funciona "misturando" no ventrículo o sangue arterial, que chega pelos átrios esquerdo, com o sangue venoso , que chega pelo átrio direito. Como há mistura de sangue arterial com sangue venoso, diz-se que nestes animais a circulação é incompleta. Com o advento dos répteis , a Natureza aprimorou um pouco mais o coração. Surgiu um septo no interior do ventrículo (um tabique ou parede), dividindo-o em dois compartimentos. Na maioria dos répteis , essa tabique não separa totalmente os dois compartimentos ventriculares. Então, o sangue sangue arterial se mistura com o sangue venoso. Esses animais que divide parcialmente o ventrículo é chamado septo de Sabatier. Já nos crocodilianos (jacarés e crocodilo), o septo ventricular é completo e divide totalmente o ventrículo em dois ventrículos. Mas, ainda neles, ocorre a mistura de sangue arterial com venoso, porque entre as duas aortas que saem dos ventrículos existe um "shunt" ou ponte , que é chamado de forâmen de Panizza, através do qual passa um pouco de sangue arterial de um arco aórtico para o outro. Nas aves e nos mamíferos , a evolução atingiu o seu mais alto grau no aprimoramento do coração. Esse órgão já possui então, quatro cavidades distintas (dois átrios e dois ventrículos), correndo sangue arterial pelas cavidades esquerdas e sangue venoso, pelas cavidades direitas. Não há nenhuma mistura de sangue arterial com sangue venoso. Por isso, dizemos que esses animais têm circulação completa. As paredes do coração são formadas por um tipo especial de tecido muscular estriado, que é o tecido cardíaco . Essa parede grossa , musculosa, que delimita as quatro cavidades cardíacas , recebe o nome de miocárdio. O miocárdio é vascularizado pelas artérias coronárias, que emergem da aorta . A obstrução de uma dessas coronárias implica a falta de irrigação sanguínea das células de uma região do miocárdio. Se, por falta de oxigênio, essas células morrerem, estará caracterizado o enfarte ou infarto do miocárdio. Ainda que a dinâmica do coração seja sensivelmente influenciada pelos nervos o sistema nervoso autônomo (os nervos do sistema simpático aceleram o ritmo cardíaco , enquanto o vago ou pneumogástrico, principal nervo do sistema parassimpático, retarda a velocidade das contrações), existem , entretanto , nódulos situados na estrutura do miocárdio que lhe dão uma acentuada autonomia de movimentos. Esses nódulos são formados de uma variedade muito especial de células musculares cardíacas , capazes de conduzir estímulos elétricos rapidamente para outras partes do coração. Dessa maneira , podemos identificar o nódulo sinoatrial (situado no ponto onde a veia cava superior penetra no átrio direito), o nódulo atrioventricular (localizado entre o átrio direito e o ventrículo direito), o feixe de His, que conduz o estímulo elétrico para o septo interventricular , e a rede de Purkinje , que distribui o estímulo pelas paredes dos ventrículos. O nódulo sinoatrial é quem comanda o ritmo dos impulsos nervosos, sendo, portanto, o estimulador das contrações cardíacas . Ele funciona como um marcapasso na dinâmica do coração. Em experiência laboratorial, o coração de rã, isolado do corpo, sem inervação , portanto, quando conservado em líquido de Ringer , continua batendo por longo tempo, estimulado apenas pelo nódulo sinoatrial. Existem doenças que interrompem a transmissão cadenciada dos impulsos elétricos gerados pelo nódulo sinoatrial às outras estruturas seguintes. Então, a tecnologia moderna criou um pacemaker (marcapasso), minúsculo aparelho dotado de uma pilha , que é implantado abaixo da pele , no abdome , e do qual parte um condutor elétrico que vai ter à parede dos ventrículos , controlando , daí por diante , o ritmo das sístoles e diástoles do coração.