As transfusões sanguíneas exigem o prévio conhecimento ou "tipagem" do sangue do receptor (aquele que vai receber a transfusão ) e do sangue que nele vai ser transfundido (sangue do doador). Assim, a transfusão de sangue A numa pessoa do grupo B (que tem aglutininas anti-A) vai desencadear uma reação de aglutinação entre a aglutinina do receptor e o aglutinogênio do doador . Os problemas transfusionais não se restringem apenas à questão "doar" , eles envolvem também a questão "receber". O quadro seguinte mostra todos os tipos de transfusão possíveis no sistema ABO. Uma dúvida muito comum entre os estudantes: por que um indivíduo A pode receber sangue O e um indivíduo O não pode receber sangue A? A "mistura" não seria a mesma? A explicação está no seguinte fato: a quantidade das aglutininas no plasma é grande, enquanto a quantidade das aglutininas no plasma é pequena. Assim , num frasco de 500 cc de sangue O, existe realmente uma pequena quantidade de aglutinina anti-A e anti-B. Mas essa quantidade não é suficiente para aglutinar o receptor do tipo A. Já , no contrário , quando e transfunde sangue A numa pessoa do tipo O, num simples frasco de 500 cc de sangue, a quantidade de aglutinogênio é grande. Uma vez introduzido esse sangue na circulação do receptor , ele vai reagir com as aglutininas anti-A desse indivíduo . Você indagará: mas a quantidade de aglutinogênio é grande. Uma vez introduzido esse sangue na circulação do receptor , ele vai reagir com a aglutininas anti-A desse indivíduo desse indivíduo . Você indagará : mas a quantidade de aglutininas não é pequena? Sim, é pequena quando você considera um volume de sangue num frasco de 500 cc. Mas se você considerar que numa pessoa adulta há cerca de seis litros de sangue circulante , então , neste volume , proporcionalmente , a quantidade de aglutininas torna-se suficientemente grande para reagir com os aglutinogênios que vêm no sangue transfundido . Da reação aglutinogênio x aglutinina (reação do tipo antígeno x anticorpo) resulta a aglutinação das hemácias do sangue doado ou transfundido . Repare bem que o sangue que se aglutina é o que entra no indivíduo e não o dele mesmo. Mas isso é suficiente para provocar a obstrução de pequenos vasos em estruturas nobres como o córtex cerebral , com graves consequências. Há , também , comprometimento do parênquima renal. Isto pode ocasionar a morte do paciente. A identificação do grupo sanguíneo de uma pessoa é feita de forma simples:
1ª- Colocam-se numa lâmina (das usadas em microscopia duas gotas de sangue da pessoa a ser examina , bastando para isso dar-lhe uma picada com agulha esterilizada na polpa de um dedo.
2ª- Sobre cada gota de sangue , pinga-se uma gota de soro com aglutinina (o qual se obtém como produto industrializado ). Na gota da esquerda , coloca-se o soro anti-A ; na gota da direita , o soro anti-B.
3ª- Movimenta-se cuidadosamente a lâmina e observa-se contra a luz se houve aglutinação (floculação) do sangue em algumas das gotas.
Tanto o aglutinogênio A quanto o aglutinogênio B são produzidos a partir de uma glicoproteína precursora chama-se da substância H. Esta , por sua vez , é condicionada à ação e um gene dominante H. O alelo recessivo desse gene (h) é raríssimo . Quando ele ocorre em homozigose, o indivíduo não produz a substância H. assim, mesmo que ele tenha um genótipo "IA IA", ou ainda "IB IB", ou ainda "IA IB", não conseguirá formar os aglutinogênios correspondentes. Desa forma, ele proceder como se tivesse sangue do tipo O, em total desacordo com o seu genótipo . Indivíduos desse tripo ão portadores do fenótipo Bombaim (nome dado em consideração ao fato de ter sido observado pela primeira vez em habitantes de Bombaim , na Índia). Tais indivíduos , contudo , poem transmitir aos descendentes o tipo de sangue (dentro do sistema ABO) de acordo com o grupo que , na realidade , pertencem. Na avaliação das progênies em cruzamentos relativos ao sistema ABO , o procedimento é igual ao do monoibridismo , já que cada pessoa tem apenas um par de alelos que responde pelo seu grupo sanguíneo. O conhecimento dos grupos sanguíneos do sistema ABO tem aplicação não somente nas operações transfusionais mas também em Medicina Legal, contribuindo grandemente para a elucidação dos casos de maternidade ou paternidade duvidosa. É importante notar que se, por um lado , existem caos em que se pode excluir com absoluta certeza a possibilidade de paternidade (quando ela é posta sob suspeita), por outro lado , não há nenhuma forma de garanti-la com absoluta firmeza em qualquer circunstância . Sempre será possível a existência de um outro indivíduo não envolvido na acusação e que possa ser geneticamente igual ao acusado.