Compensação Indesejada


Mais um efeito danoso do aumento da poluição acaba de ser destacado em um novo estudo. A pesquisa indica que a medida que aumentam os níveis de dióxido de carbono as plantas se tornam mais vulneráveis ao ataque de insetos. Segundo o trabalho, feito por cientistas argentinos e norte-americanos , a elevação do dióxido de carbono afeta um componente importante no sistema de defesa das plantas. Os autores ressaltam que a combinação entre desflorestamento e queima de combustíveis fósseis promoveu um grande aumento nos níveis de dióxido de carbono desde a segunda metade do século 18. "Atualmente, o CO2 na atmosfera está em cerca de 380 partes por milhão. No início da Revolução Industrial, era de 280 partes por milhão (...), disse Evan DeLucia , chefe do Departamento de Biologia de Plantas da Universidade de Illionois em Urbana-Champaign e um dos autores do estudo. DeLucia lembra que a atual previsão é de que os níveis chegarão a 550 partes por milhão até 2050 - ou até antes , a depender da acelerada industrialização de países em desenvolvimento , como China e Índia. O estudo usou as instalações do Soybean Free Air Concentration Enrichment, em Illionois , espécie de laboratório ao ar livre que permite expor plantas a diferentes níveis de dióxido de carbono ou ozônio sem ter que isolá-las de outras influências ambientais, como chuva , luz solar ou insetos. Sabe-se que níveis atmosféricos elevados de CO2 contribuem para acelerar a taxa de fotossíntese e aumentar a proporção de carboidratos . Ou seja, em teoria estimulariam um maior crescimento nas plantas. O problema é que esse aumento na proporção de carboidratos faz com que os insetos comam mais folhas. No estudo, feito em soja, as plantas na área de teste exibiram mais sinais de danos causados por diversas espécies de insetos em suas folhas do que em outras áreas. Os pesquisadores verificaram ainda que insetos em plantas de soja submetidas a maiores níveis de dióxido de carbono viveram mais e , como consequência, se reproduziram mais. O mesmo não ocorreu com insetos submetidos à dieta com mais açúcar , que os autores usaram como comparação. O grupo responsável pelo estudo voltou a atenção para os caminhos de sinalização hormonal das plantas , especialmente para os componentes químicos específicos que elas produzem para evitar o ataque de insetos. Quando insetos comem folhas, algumas plantas como a soja produzem ácido jasmônico, um hormônio que inicia uma cadeia de reações químicas nas folhas que aumenta a capacidade de defesa. Normalmente, essa sequência de efeitos leva à produção de altos níveis de um composto chamado de inibidor de protease , uma enzima que , ao ser ingerida por um inseto, inibe a capacidade de digerir folhas. "Descobrimos que as folhas que crescem sob altos níveis de CO2  perdem a capacidade de produzir ácido jasmônico. O caminho de seu sistema defensivo se desliga e as folhas não conseguem mais se defender adequadamente", disse DeLucia. "Os resultados indicam que eventuais aumentos na produtividade da soja devido à elevação dos níveis de CO2 podem ser reduzidos pelo aumento à suscetibilidade a pragas", destacaram os autores no artigo.

Dados obtidos em : http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro?.php?id=8602. Acesso em: em 25 mar. 2008

Luz e Floração Fotoperiodismo


Foto periodismo são respostas biológicas relacionadas com a duração do dia e da noite, duração essa que varia ao longo das estações do ano. As plantas conseguem perceber essas variações por meio do fitocromo e têm a floração influenciada por elas. Logo no início dos estudos sobre fotoperiodismo, os pesquisadores achavam que o fator determinante da floração era a duração do dia. Somente depois é que verificaram que as plantas possuem um fotoperíodo crítico , relacionado com a duração do período de escuro, ou seja, com a duração da noite. Os cientistas verificaram que é a duração da noite - e não a do dia - que determina a  floração. Quanto ao fotoperiodismo , as plantas podem ser classificadas em neutras , de dias curtos e de dias longos. As plantas neutras florescem independentemente do comprimento da noite. É o caso do tomate, do feijão e do milho. As plantas de dias curtos florescem quando submetidas a um período de escuro igual ou maior que o fotoperíodo crítico. É o caso do picão , do morango, do crisântemo e das prímulas. As plantas de dias longos florescem quando submetidas a períodos de escuro inferiores ao fotoperíodo crítico . É o caso do espinafre, da alface , do trigo e da cevada. Várias pesquisas sobre floração têm demonstrado que os fitocromos localizados nas folhas é que participam da floração. Existem fortes indícios de que esses fitocromos desencadeariam a síntese de certos hormônios, os quais migrariam das folhas até a gema , através do floema , induzindo a floração. Esses hormônios são genericamente chamados de florígenos ou hormônios da floração. 


Antes O Mundo Não Existia


Quando eu vejo as narrativas , mesmo as narrativas  chamadas antigas, do Ocidente , as mais antigas , elas sempre são datadas. Nas narrativas tradicionais do nosso povo , das nossas tribos , não tem data, é quando foi criado o fogo , é quando foi criada a Lua , quando nasceram as estrelas , quando nasceram as montanhas , quando nasceram os rios. Antes , antes, já existe uma memória puxando o sentido das coisas , relacionando o sentido dessa fundação do mundo com a vida , com o comportamento nosso, com aquilo que pode ser entendido como o jeito de viver. Esse jeito de viver que informa nossa arquitetura , nossa medicina , a nossa arte, as nossas músicas , nossos cantos. [...] Alguns anos atrás , quando eu vi o quanto que a ciência dos brancos estava desenvolvida , com seus aviões , máquinas , computadores , mísseis , eu fique um pouco assustado. Eu comecei a duvidar que a tradição do meu povo , que a memória ancestral do meu povo, pudesse subsistir num mundo dominado pela tecnologia pesada, concreta . E que talvez a gente fosse um povo como a folha que cai. E que a nossa cultura, os nossos valores , fossem muito frágeis para subsistirem num mundo preciso, prático: onde os homens organizam seu poder e submetem a natureza , derrubam as montanhas. Onde um homem olha uma montanha e calcula quantos milhões de toneladas de cassiterita , bauxita , ouro ali pode ter. Enquanto meu pai, meu avô, meus primos , olham aquela montanha , cantam para ela , cantam para o rio... Mas o cientista olha o rio e calcula quanto megawatts ele vai produzir construindo uma hidrelétrica , uma barragem. Nós acampamos no mato , e ficamos esperando o vento nas folhas das árvores , para ver se ele ensina uma cantiga nova, um canto cerimonial novo, se ele ensina , e você ouve, você repete muitas vezes esse canto , até você aprender.  E depois você mostra esse canto para os seus parentes, para ver se ele é reconhecido, se ele é verdadeiro. Se ele á verdadeiro ele passa a fazer parte do acervo dos nossos cantos. Mas um engenheiro florestal olha a floresta e calcula quantos milhares de metros cúbicos de madeira ele pode ter. Ali não tem música , a montanha não tem humor , e o rio não tem nome. É tudo coisa . Essa mesma cultura, essa mesma tradição , que transforma a natureza em coisa , ela transforma os eventos em datas , tem antes e depois. 

-Krenak , Ailton. Antes , o mundo não existia. IN: Novaes , Adauto (ORG.). Tempo e História. São Paulo: Companhia das Letras , 1992.p. 202-3.

Dominação e Controle


Ao analisar a cultura e a ideologia , vários autores procuram demonstrar que não se podem utilizar esses dois conceitos separadamente, pois há uma profunda relação entre eles , sobretudo no diz respeito ao  processo de dominação nas sociedade capitalistas. O pensador italiano Gramsci (1891-1937) analisa essa questão com base no conceito de hegemonia (palavra de origem grega que significa "supremacia" , "preponderância") e no que ele chama de aparelhos de hegemonia. Por hegemonia pode-se entender o processo pelo qual uma classe dominante consegue fazer que o seu projeto seja aceito pelos dominados , desarticulando a visão de mundo autônoma de cada grupo potencialmente adversário. Isso é feito por meio dos aparelhos de hegemonia, que são práticas intelectuais e organizações no interior do Estado ou fora dele (livros , jornais , escolas, música , teatro , etc.) . Nesse sentido , cada relação de hegemonia é sempre pedagógica , pois envolve uma prática de convencimento , de ensino e aprendizagem. Para Gramsci, uma classe se torna hegemonia quando , além do poder coercitivo e policial, utiliza a persuasão , o consenso , que é desenvolvido mediante um sistema de ideias muito bem elaborado por intelectuais a serviço do poder , para convencer a maioria das pessoas , até as das classes dominadas. Por esse processo , cria-se uma "cultura dominante efetiva" , que deve penetrar no sendo comum de um povo , com o objetivo de demonstrar que a forma como aquele que dominava o mundo é a única possível.  A ideologia não é o lugar da ilusão e da manifestação , mas o espaço da dominação, que não se estabelece somente com o uso legítimo da força pelo Estado , mas também pela direção moral e intelectual da sociedade como um todo , utilizando os elementos culturais de cada povo. Mas Gramsci aponta também a possibilidade de haver um processo de contra-hegemonia , desenvolvido por intelectuais orgânicos , vinculados à classe trabalhadora, na defesa de seus interesses. Contrapondo-se à inclucação dos ideais burgueses por meio da escola , dos meios de comunicação de massa, etc., eles combatem nessas frentes , defendendo outra forma de "pensar, agir e sentir" na sociedade em que vivem. O sociólogo francês Pierre Bourdieu desenvolveu o conceito de violência simbólica para identificar formas culturais que impõem e fazem que aceitemos como normal , como verdade que sempre existiu e não pode ser questionada, um conjunto de regras não escritas nem ditas. Ele usa a palavra grega doxa (que significa "opinião") para designar esse tipo de pensamento e prática social estável , tradicional, em que o poder aparece como natural. Dessa ideia nasce o que Bordieu define como naturalização da história, condição em que os fatos sociais, independentemente de ser bons ou ruins , passam por naturais e tornam-se uma "verdade" para todos.  Um exemplo evidente é a dominação masculina , vista em nossa sociedade como algo "natural" , já que as mulheres são "naturalmente" mais fracas e sensíveis e , portanto, devem se submeter aos homens. E todos aceitam essa ideia e dizem que "isso foi , é e será sempre assim". Bourdieu declara que é pela cultura que os dominantes garantem o controle ideológico , desenvolvendo uma prática cuja finalidade é manter o distanciamento entre as classes sociais. Assim, existem práticas sociais e culturais que distinguem que é de uma classe ou de outra : os "cultos" têm conhecimentos científicos , artísticos e literários que os opõem aos "incultos" . Isso é resultado de uma imposição cultural (violência simbólica) que define o que é ter "cultura". A violência simbólica ocorre de modo claro no processo educacional. Quando entramos na escola , em seus diversos níveis , devemos obedecer sempre a um conjunto de regras e absorver um conjunto de saberes predeterminados , aceitos como o que se deve ensinar. Essas regras e esses saberes não são questionados e normalmente não se pergunta quem os definiu. Theodor Adorno  (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) , pensadores alemães, procuraram analisar a relação entre cultura e ideologia com base no conceito de indústria cultural . Apresentaram esse conceito em 1947 , no texto "A Indústria Cultural : O Esclarecimento Como Mistificação das Massas. Nele , afirmavam que o conceito de indústria cultural, permitia explicar o fenômeno da exploração  comercial e a vulgarização da cultura , como também  a ideologia da dominação. A preocupação básica era com a emergência de empresas interessadas na produção em massa de bens culturais , como qualquer mercadoria (roupas, automóveis , sabonetes, etc.) , visando exclusivamente ao consumo , tendo como fundamentos a lucratividade e a adesão incondicional ao sistema dominante. Adorno e Horkheimer apontaram a possibilidade de homogeneização das pessoas , grupos e classes sociais ; esse processo atingiria todas as classes , que seriam seduzidas pela indústria cultural , pois esta coloca a felicidade imediatamente nas mãos dos consumidores mediante a compra de alguma mercadoria ou produto cultural. Cria-se assim uma subjetividade uniforme e, por isso, massificada. Os mais diversos filmes de ação , somos tranquilizados com a promessa de que o vilão terá um castigo merecido. Tanto nos sucessos musicais quanto nos filmes , a vida parece dizer que tem sempre as mesmas tonalidades e que devemos nos habituar a seguir os compassos previamente marcados. Dessa forma, sentimo-nos integrados numa sociedade imaginária, sem conflitos e sem desigualdades. A diversão, nesse sentido , é sempre alienante , conduz à resignação e em nenhum momento nos intiga a refletir sobre a sociedade em que vivemos. A indústria cultural transforma as atividades de lazer em um prolongamento do trabalho, promete ao trabalhador uma fuga do cotidiano e lhe oferece , de maneira ilusória , esse mesmo cotidiano como paraíso. Por meio da sedução e do convencimento , a industria cultural vende produtos que devem agradar  ao público , não para fazê-lo pensar com informações novas que o perturbem, mas para propiciar-lhe uma fuga da realidade. Tal fuga, segundo Adorno , faz que o indivíduo se aliene, para poder continuar aceitando com um "tudo bem" a exploração do sistema capitalista.


A Sociologia no Brasil


Como na França de Émile Durkheim , os primeiros passos da Sociologia no Brasil corresponderam a iniciativas para a inclusão dessa disciplina no ensino médio. A primeira tentativa ocorreu logo após a proclamação da República , como a reforma educacional de 1891, de Benjamin Constant , que defendia o ensino laico em todos os níveis. O ensino médio tinha por objetivo a formação intelectual dos jovens fora do contexto religioso, que era predominante até então. Mas , sem nunca ter sido incluída nos currículos escolares, a Sociologia foi eliminada pela Reforma de Epitácio Pessoa, em 1901. Em 1925 , com a Reforma de Rocha Vaz , que tinha os mesmos objetivos da de Benjamin Constant , o colégio Pedro II , na cidade do Rio de Janeiro, implantou a Sociologia regularmente no seu currículo . Três anos depois , a disciplina foi introduzida nos estados de São Paulo , Rio de Janeiro e Pernambuco. Em 1931, outra reforma , a de Francisco Campos , ministro da Educação e Saúde do governo Vargas , introduziu a Sociologia nos cursos preparatórios aos cursos superiores nas faculdades de Direito , Ciências Médicas e Engenharia e Arquitetura , além de mantê-la nos cursos normais (de formação de professores). Desde 1925 , podem-se destacar alguns intelectuais que deram sua contribuição lecionando e escrevendo livros (manuais) de Sociologia para esse nível: Fernando de Azevedo (1894-1974) , Gilberto Freyre (1900-1987) , Carneiro Leão (1887-1966) e Delgado de CARVALHO (1884-1980) . Eles tinham como objetivo preparar intelectualmente os jovens das elites dirigentes e elevar o conhecimento daqueles que chegavam às escolas médias. Esses autores , em sua maioria , eram influenciados pela Sociologia estadunidense e francesa, havendo forte presença do positivismo entre eles. Mas esse processo no ensino médio estanca no início da década de 1940 , com a Reforma Capanema, que a extingue do currículo da escola média, voltando a ter presença muito discreta e intermitente somente na década de 1980.


O Oriente Como Invenção do Ocidente


"Nos filmes e na televisão o árabe é associado à libidinagem ou à desonestidade sedenta de sangue. Aparece como um degenerado super-sexuado capaz , é claro , de intrigas astutamente tortuosas, mas essencialmente sádico , traiçoeiro , baixo . Traficante de escravos, cameleiro , cambistas , trapaceiro pitoresco : estes são alguns do papéis tradicionais do árabe no cinema. O chefe árabe (de saqueadores , piratas , insurgentes 'nativos') são muitas vezes vistos rosnando para o herói e a loira ocidentais capturados (ambos impregnados de integridade): 'Meus homens vão matar vocês , mas... Eles gostam de se divertir um pouco antes'.[...] Nos filmes ou nas fotos de notícias , o árabe é sempre visto em grandes números .  Nenhuma individualidade , nenhuma característica ou experiência pessoal a maior parte das imagens apresenta massas enraizadas ou miseráveis , ou gestos irracionais (logo, desesperadoramente excêntricos). À espreita , por trás de todas essas imagens , está a ameaça da Djihad. Resultado: um temor de que os muçulmanos (ou árabes) tomem conta do mundo. Regularmente publicam-se livros e artigos  sobre o Islã e os árabes que não representam absolutamente nenhuma mudança em relação às virulentas polêmicas anti-islâmicas da Idade Média e da Renascença . [...] O guia dos cursos de 1975 publicado pelos estudantes do Columbia College disse, a respeito do curso de árabe , que uma de cada duas palavras nessa língua tem a ver com violência , e que a mente árabe , tal como é 'refletida' pela língua, é incansavelmente bombástica.  Uma artigo recente de Emmett Tyrrell na revista Harper's era ainda mais injurioso e racista , afirmando que os árabes são basicamente assassinos , e que a violência e a trapaça estão nos genes árabes. Um estudo intitulado "The Arabs in American Textbooks" [Os árabes nos manuais americanos] revela a mais espantosa desinformação , ou melhor, as mais empedernidas representações de um grupo étnico-religioso. Um livro afirma que 'poucas pessoas dessa área [árabe] sabem sequer que há maneiras melhores de se viver' , e em seguida pergunta, candidamente: 'O que mantém unido o povo do Oriente Médio?' A resposta , dada sem hesitação , é : 'O último elo é a hostilidade (o ódio) do árabe em relação aos judeus e à nação de Israel'. Justamente com esse material, encontramos isto sobre o Islã, em outro livro : 'A religião muçulmana , chamada de Islã, começou no século VII. Foi iniciada por um rico negociante da Arábia, chamado Maomé. Ele alegava ser um profeta . Encontrou seguidores entre os outros árabes.  Disse a eles que haviam sido escolhidos para governar o mundo'. Essa pérola de saber era seguida por outra , igualmente  precisa: 'Logo após a morte de Maomé, seus ensinamentos foram registrados em um livro chamado de Corão, que se tornou o livro sagrado do Islã'. Essas idéias grosseiras são apoiadas , e não contrariadas , pelo acadêmico que se ocupa do estudo do Oriente Próximo árabe. [...] " 

SAID , Edward W. Orientalismo; o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. P. 291-292.


Como A Propaganda Age Sobre o Consumidor?


"Uma das perguntas mais difíceis de serem respondidas em propaganda é a respeito de como ela age sobre o consumidor. Por uma razão muito simples : a propaganda atua sobre as pessoas ( e pessoas são bastante imprevisíveis) dentro de um ambiente complexo, no qual interagem diversas forças e pressões, entre as quais a propaganda.  É certo, porém [...] , que a propaganda é uma das grandes formadoras do ambiente cultural e social de nossa época. Isso porque trabalha a partir de dados culturais existentes , recombinando-os, remodelando-os (até mesmo alterando suas relevâncias ), e sobre alguns dos instintos mais fortes dos seres humanos: o medo, a vontade de ganhar, a inveja , o desejo de aceitação social , a necessidade de auto-realização, a compulsão de experimentar o novo , a angústia de saber mais, a segurança da tradição. A propaganda age sobre os consumidores informando, argumentando , comparando. Tanto de forma lógica e racional como subjetiva e emocional. Nesse somatório de ações sobre os instintos humanos e de suas formas de agir , o resultado não é uma adição ,  é um multiplicação. A propaganda mistura apelos lógicos e emocionais , informação e argumentação , medo e inveja, fascínio pelo novo e necessidade de segurança. Além de muitos outros elementos, à primeira vista paradoxais e antagônicos , que ela junta e combina para atingir seu propósito maior de gerar nos consumidores - pela persuasão - comportamentos que beneficiem o anunciante que a utiliza.  A propaganda , dessa forma , age sobre o indivíduo, a família , os grupos sociais, à comunidade , enfim , a sociedade como um todo , em um processo de grande sinergia, no qual cada anúncio interfere em muitos outros, através dos meios de comunicação."

(SAMPAIO. Rafael. Propaganda de A a Z. São Paulo: Campos, 1995.p.23-24.)


Pleiotropia - Um outro olhar



Pleiotropia é a capacidade que tem um único par de alelos de produzir diversos efeitos fenotípicos simultâneos no mesmo indivíduo. Você pode observar facilmente que todos os camundongos brancos são extremamente dóceis e , ao contrário, todos os camundongos cinzentos são ariscos e indomesticáveis. Não existe exceção a essa regra. A explicação está no fato de que o mesmo par de alelos que responde pela cor da pelagem nesses animais também responde pelo grau de agressividade dos mesmos. Esse fenômeno foi observado inicialmente em ratos. Verificou-se que, entre eles , nasciam ocasionalmente indivíduos portadores de numerosas deformidades (traquéia estreita, costelas defeituosas , pulmões com pouca elasticidade, coração aumentado de volume , narinas imperduradas, focinho achatado etc.) . As experiências de cruzamento os mesmos resultados, mostrando tratar-se de herança por gene recessivo. Como o cortejo de características era indissociável, ocasionando a manifestação de um "tudo ou nada" , concluiu-se que havia a atuação de único par de genes , cuja função certamente inibiria alguma reação inicial. A partir dessa reação , outras reações ficariam impedidas de acontecer, justificando o conjunto de anomalias. Nas ervilhas , o mesmo par de genes que determina a manifestação de flores brancas também condiciona o aparecimento de um envoltório branco nas sementes. Na espécie humana , constituem exemplos de pleiotropia a síndrome de Laurene-Moon Biedl (obesidade , demência a hipoplasia genital por ação de um único par de alelos) e a síndrome de Marfan (Aracnodactilia , defeitos cardíacos e oculares , também por ação de um único par de genes). Em ratos , um gene pleiotrópico determina a cor da pelagem (com dominância para amarelo) e a letalidade (recessivo , só tendo expressividade em homozigose). É possível que muitos casos de aborto na espécie humana sejam explicados pela atuação de genes letais , como no caso dos ratos. O gene pleiotrópico pode "estimular" ou "impedir" a ocorrência de alguma reação inicial a partir da qual outras reações se desencadeiam ou fica impossibilitadas de acontecer.


A Mudança Social Para Os Clássicos da Sociologia



As transformações e crises nas diversas sociedades constituem um dos principais objetos da Sociologia. No século XIX uma das ideias que orientava as discussões era a de progresso. Conforme Robert Nisbet , sociólogo estadunidense , a ideia de progresso tinha raízes no pensamento grego e , desde a Antiguidade , esteve presente no imaginário de todas as sociedades , mas no século XVIII, com o surgimento do Iluminismo, e no XIX ela ocupou um lugar destacado e permeou o pensamento de muitos autores. Ausguste Comte - Dos pensadores do século XIX , Comte foi um dos que mais influenciou o pensamento social posterior.  Desde cedo rompeu com a tradição familiar , monarquista e católica , tornou-se republicano, adotando as ideias liberais, e passou a desenvolver uma atividade política e literária que lhe permitiu elaborar uma proposta para resolver os problemas da sociedade de sua época. Toda sua obra está permeada pelos acontecimentos da França pós-revolucionária. Defendendo sempre o espírito da Revolução Francesa de 1789 e criticando a restauração da monarquia, Comte se preocupou fundamentalmente com a organização da nova sociedade que estava em ebulição e em grande confusão. Comte acreditava que a mudança social estava situada na mente , na qualidade e quantidade de conhecimentos sobre as sociedades. Com base nisso, ele afirmou que a humanidade percorreu três estágios no processo da evolução do conhecimento:

1- Primeiro Estágio - Teológico. As pessoas atribuíam a entidades e forças sobrenaturais as responsabilidades pelos acontecimentos. Essas entidades podiam ser os espíritos existentes nos objetos , animais e plantas (fetichismo), vários deuses (politeísmo) ou um deus único e onipotente (monoteísmo). 

2-Segundo Estágio - Metafísico . Surgiu quando as entidades sobrenaturais foram substituídas por ideias e causas abstratas e, portanto, racionais. Seria o momento da FILOSOFIA. 

3-Terceiro Estágio- Positivo. Corresponde à era da ciência e da industrialização, na qual se invocam leis com base na observação empírica , na comparação e na experiência . Seria o momento da Sociologia.  Esse último estágio foi ampliado porque a ciência tem desenvolvimento contínuo, sempre em busca de mais conhecimentos, que geram um crescimento quantitativo e qualitativo constante. Em termos sociológicos, Comte dividiu seu sistema em dois campos: os estático e o dinâmico , que estariam expressos nas palavras "Ordem e Progresso".  Toda mudança , isto é , o progresso , deveria estar condicionada , pois admitia a mudança (progresso) , mas limitava-a a situações que não alterassem profundamente a situação vigente (ordem) . A expressão que pode resumir bem seu pensamento é : "nem restauração nem revolução", isto é , não devemos voltar à situação feudal nem querer uma sociedade diferente desta em que vivemos. Para nós, brasileiros, isso é muito claro, pois, desde a instauração da República , assumiu-se no país o lema positivista, "Ordem e Progresso", que norteia as ações dos que dominam nossa sociedade. 


O Nazismo na Alemanha



O nazismo foi um conjunto de idéias políticas de extrema-direita postas em prática por Adolf Hitler. Hitler desenvolveu sua doutrina colocando como base a superioridade da raça alemã. Um governo ditatorial , seguido de uma política de força e violência , foram as suas bases. Criticava as virtudes da caridade, o amor ao próximo , que ele preferia substituir por virtudes cívicas e marciais , poi estas levariam o povo alemão a se fortalecer moralmente (no corpo e no espírito). Hitler combatia o liberalismo, parlamentarismo e as manifestações políticas, comunistas ou de quaisquer partidos , pois era de opinião de que toda nação deveria estar unida num programa comandada por um só condutor (o Führer). O nazismo foi um programa de idéias contraditória. Governando a Alemanha nazista, ele suspendeu os sindicatos , proibiu a imprensa de expressar-se livremente , instaurou um forte regime policial, dando forças às SS. Criou um política , a Gestapo, que ficou conhecida e marcada pela tortura. Os alemães deviam trabalhar a qualquer preço por uma Alemanha maior; milhares de cidadão pagaram altos preços por não concordarem com ele (Hitler) e se oporem à ditadura. O nazismo montou um vasto programa de obras públicas, incrementou a indústria bélica , renunciou ao Tratado de Versalhes , fez a Alemanha ser valorizada como nação. A doutrina nazista teve caráter coletivista místico e de idolatria e acabou por se transformar em algo terrível e abominável. Hitler perseguiu os judeus , pois ele os considerava raça inferiores eles eram contrários aos ideais nacionalistas. Além de persegui-lo e maltratá-lo , mandava matá-los ou os levava para os campos de concentração. os judeus foram privados de direitos cívicos e obrigados a colocar a letra J no seus passaportes e carteiras de identidade. A campanha anti-semítica (1914) estava com força . os negócios e lojas de comércio dos judeus foram destruídos. Os cemitérios foram profanados.


A República Fardada



Apesar do golpe militar promovido em 1964 , os movimentos dos estudantes e dos trabalhadores continuaram atuantes e criaram uma situação de contestação aberta ao regime , até dezembro de 1968 , quando foi decretado o AI-5 , que cassou todos os direitos do cidadãos, inclusive o de manifestação. Esses movimentos foram então tirados da cena à força da violenta repressão colocada em prática pelos militares. Entretanto, surgiram os movimentos armados (rurais e urbanos) de contestação ao regime , pois essa foi a única alternativa encontrada por muitos grupos organizados para protestar. Os sequestros (que visavam trocar prisioneiros do regime pelo sequestrado) e os roubos a bancos (para sustentar as ações contra o regime ) foram as ações mais utilizadas nas cidades. No campo, foram montados movimentos de guerrilheiros que procuravam organizar a população para fazer frente ao regime militar - o mais conhecido é a Guerrilha do Araguaia , apoiada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A repressão aos movimentos armados ocorreu de modo extensivo e cruel. Após o governo de Ernesto Geisel , de acordo com o projeto dos militares de fazer um retorno à democracia de modo lento e gradual e sob vigilância , foram organizados grandes movimentos políticos pela democratização da sociedade: o movimento pela anistia , que resultou na assinatura da Lei de Anistia pelo presidente-general João Baptista Figuereido, em 1979; o movimento Diretas Já , entre 1983 e 1984 , pelas eleições diretas , que não foram aprovadas pelo Congresso Nacional, e o movimento pela Constituinte , entre 1985 e 1986 , que conseguiu a aprovação da instauração de uma Assembleia Constituinte a partir de 1986. Nessa fase também foram importantes outros movimentos , que se caracterizaram pela resistência ao regime e pelas propostas que permitiram um grande avanço democrático nos anos seguintes. Destacam-se , entre eles , os movimentos grevistas em São Paulo , principalmente no chamado ABCD (Santo André , São Bernardo , São Caetano e Diadema) , região que concentrava o maior parque industrial do Brasil e , portanto, o maior número de trabalhadores industriais. Eles questionavam não só as condições salariais e de trabalho , mas também a legislação que não permitia a livre organização dos trabalhadores e o direito de manifestação. Desses movimentos nasceram a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e , lodo depois , o Partido dos Trabalhadores (PT). No campo , desempenhou importante papel no questionamento da situação da terra no Brasil e no enfrentamento do regime militar o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) . Organizado no Sul do país, a partir de 1979, com apoio de parte da Igreja Católica (Pastoral da Terra) , do PT e da CUT , o MST tinha como objetivo fundamental criticar a estrutura da propriedade da terra no Brasil (onde o latifúndio é dominante) e as condições de vida dos trabalhadores rurais. Suas ações foram mais marcantes no período seguinte. Além desses movimentos surgiram outros, como o Movimento contra o Custo de Vida (MCV) , criado em 1973 , em São Paulo , e ativo por vários anos. O MCV chegou ao fim com o Plano Cruzado (1986) , que reduziu por pouco tempo os preços dos alimentos.


Revolução Mexicana



Começou em 1910 e foi uma resposta dos explorados no campo e nas cidades a uma situação insustentável de desigualdade e de exploração. Terminou em 1917, com a promulgação de uma nova constituição para o México.  O primeiro objetivo dessa luta era a derrubada de Profírio Díaz , que estava no poder havia 20 anos e tinha o apoio dos Estados Unidos e de grandes industriais e proprietários de terras , nacionais e estrangeiros. Três grandes grupos , representando classes sociais diferentes , participaram do movimento : o dos camponeses , que eram a maioria (seus líderes mais conhecidos foram Pancho Villa no norte e Emiliano Zapata no sul), o dos trabalhadores urbanos organizados em torno da Casa del Obrero Mundial (COM) , de orientação inicialmente anarquista , e o da burguesia urbana e rural , liderada , quando a revolução eclodiu , por Francisco Madero , que não aceitava as ações de Porfírio Díaz e queria sua deposição. Em maio de 1911, depois de vários levantes armados , Porfírio Díaz foi deposto. Assim , o primeiro objetivo foi alcançado , mas , como as três forças revolucionários tinham interesses e projetos distintos , o processo continuou. Havia no México uma grande desigualdade social : 1% da população possuía 97% das terras , o que gerava uma situação de exploração e miséria muito grande. Isso levou os camponeses a exigir o fim dessa concentração e uma redistribuição das terras. A burguesia dissidente exigia que fossem definidas regras claras sobre as eleições para que se implantasse uma democracia de tipo liberal. Os trabalhadores urbanos , por sua vez , que não tinham nenhum direito nem liberdade de expressão e reunião , exigiam direitos garantidos pela constituição. Assim, a burguesia dissidente ora fazia acordos com os trabalhadores e alguns setores camponeses, ora com outros ,e procurava sempre se manter ativa no movimento para não perder sua posição no processo revolucionário. Nessas idas e vindas , os camponeses passavam de rebeldes perseguidos a aliados; os trabalhadores , em algumas ocasiões, faziam greves e eram considerados fora da lei, mas em outras eram aliados. Enfim, a situação era de confusão, e Madero , não conseguindo manter-se como líder , foi preso e assassinado.  Quem tomou o lugar de Madero foi Victoriano Huerta , que era poiado pelo capital estrangeiro e por grandes proprietários de terras , banqueiros , industriais e comerciantes, além do claro e do Exército Federal. Ficaram de fora apenas os camponeses , operários e Venustiano Carranza, governador do estado de Coahuila , os quais , juntos , conseguiram formar uma grande exército que lutava para que se mantivesse o poder legítimo e pela queda de Huerta , o que aconteceu em julho de 1914. Mas as divisões continuaram. Em dezembro de 1914, Villa e Zapata se uniram contra Carranza , pois este não apresentava nenhuma proposta de melhora de vida para os camponeses. Entretanto, Carranza se aproximou dos operários e até os armou (formando os "batalhões vermelhos") para combater Villa e Zapata . Além disso , articulou um novo exército com o apoio dos Estados Unidos. Assim, pouco a pouco , foram vencidos os camponeses , e Villa e Zapata perderam toda a capacidade de pressionar o novo governo. Após  derrotar os camponeses e se instalar no poder, Carranza tinha de desarmar os "batalhões vermelhos" formados pelos operários. Isso aconteceu por meio da desmobilização dos batalhões , da prisão dos principais líderes operários e do fechamento da COM, além de um decreto segundo o qual seria punida com a morte qualquer tentativa de greve. Controlada toda a oposição , Carranza convocou uma nova Constituinte , o que ocorreu sem a presença dos oposicionistas . Mesmo assim houve um pequeno avanço na Constituição. A nova carta estabeleceu a separação efetiva da Igreja e do Estado, o casamento passou a ser um ato civil e a educação tornou-se prerrogativa do Estado, cabendo a este a definição e a fiscalização do ensino em todos os níveis. Aos trabalhadores garantiu-se uma série de novos direitos , como jornada máxima de oito horas, regulamentação do trabalho da mulher e de menores , do trabalho noturno, do repouso semanal , das férias e das horas extras. Além disso, foram regulamentados a liberdade de organização sindical e o direito à greve , entre outros direitos . Pode-se dizer que a classe operária foi a que mais se beneficiou desse processo. Os camponeses tiveram várias reivindicações atendidas, mas todas sob o controle do Estado. As grandes propriedades , principalmente as da Igreja , puderam ser expropriadas e repartidas. Possibilitou-se a manutenção das terras comunais na forma de cooperativa , mas a reforma agrária (divisão dos latifúndios) propriamente dita não foi realizada e a restituição das terras usurpadas não foi efetivada. Assim os camponeses pouco tiveram a comemorar. Novamente a burguesia industrial , os banqueiros , os grandes comerciantes e proprietários de terras conseguiram , em nome da "revolução mexicana", manter-se no poder.


A Tecnologia do DNA



Há muito tempo o ser humano vem conseguindo , por meio de cruzamentos seletivos , variedades mais resistentes , mais produtivas ou mais nutritivas de animais e plantas, Por exemplo, variedades de milho que produziam mais grãos foram cruzadas entre si por muitas gerações, obtendo-se variedades mais produtivas. Dessa forma surgiram também vacas que produzem mais leite. Além disso, a espécie humana utiliza há muito temo inúmeros produtos de microrganismos. Essa utilização de microrganismos , plantas e animais para a produção de substâncias úteis ao ser humano é chamada de biotecnologia. Nessa parte , conheceremos uma nova biotecnologia, baseada nas técnicas modernas de manipulação do DNA: a engenharia genética ou tecnologia do DNA recombinante , que permite , entre outras coisas, transplantar genes de uma espécie para outra e criar , assim , uma molécula de DNA que não existia na natureza. Essa molécula , formada pela combinação de duas moléculas diferentes de DNA, é chamada de DNA recombinante. Vamos aprender também como é feito o teste de paternidade e o diagnóstico de doenças hereditárias. Com o desenvolvimento da engenharia genética foi possível alterar geneticamente um ser vivo de modo que ele produza substâncias úteis ao ser humano. A grande vantagem dessa técnica é a rapidez e a precisão da produção da substância normalmente produzida por algum organismo , procedimentos em geral demorados , e a características ou substâncias obtida nem sempre era, exatamente , a desejada. Como sabemos , os bacteriófagos atacam bactérias , reproduzem-se no interior delas e as destroem no fim do ciclo, Algumas de defendem contra esse ataque produzindo enzimas especiais, chamadas de enzimas de restrição , que fragmentam o DNA do vírus e impedem sua reprodução. A enzima EcoRi, por exemplo, produzida pela bactéria Escherichia Coli , foi a primeira a ser descoberta (o nome dela vem das iniciais de Escherichia coli, mais R de restrição e o I indica que ela foi primeira enzima a ser descoberta). Ela reconhece a sequência GAATTC e corta as duas cadeias do DNA entre o G e o A. Como essa sequência se repete algumas vezes ao longo do DNA viral , este é cortado em vários fragmentos . Outros organismos também apresentam essa sequência repetidas vezes em seu genoma. Dessa forma, a EcoRi pode ser usada como uma "tesoura" que corta o DNA dos seres vivos em partes menores. Mais de duzentos tipos de enzimas de restrição foram isolados de diversos microrganismos , cada uma com a capacidade de reconhecer e cortar uma sequência específicas do DNA. Essas enzimas se transformaram em grande ferramento da engenharia genética e sua descoberta é considerada o ponto de partida para a tecnologia do DNA recombinante. 


Seleção Natural


Enquanto algumas mutações, como a da anemia falciforme , alteram genes isoladamente - mutações gênicas -, outras podem alterar pedaços inteiros de cromossomos e modificar a sequência de genes em um cromossomo ou até o número de cromossomos; são as alterações ou mutações cromossômicas.  Vimos que as mutações cromossômicas podem modificar o número de cromossomos (alterações numéricas) ou a sequência dos genes nos cromossomos (alterações estruturais). Uma alteração numérica pode ser causada por radiações ou substâncias químicas que atingem os fios de proteína (fuso mitótico) encarregados de puxar os cromossomos para os polos na divisão celular. Em alguns casos, todo o conjunto de cromossomos é afetado e formam-se indivíduos 3n (triplóides), 4n (tetraploides) , etc. Essa alteração , chamada euploidia, é comum em vegetais. Em algumas alterações numéricas , apenas alguns cromossomos são afetados e se originam indivíduos com número de cromossomos igual a 2n + 1.2n + 2, 2n-1, etc.; são as aneuploidias. A síndrome de Turner e a síndrome de Klinefelter são exemplos de aneuploidias dos cromossomos sexuais. A síndrome de Down (criança com deficiência mental, problemas no coração e em outros órgãos, baixa resistência a infecções , etc.) é um exemplo de aneuploidia nos autossomos ; portador dessa síndrome tem três cromossomos  21 (trissomia do 21 ). As mutações estruturais ocorrem quando radiações , vírus ou produtos químicos quebram pedaços de cromossomos . O pedaço quebrado pode se perder, unir-se a outro cromossomo, etc. Vemos os principais tipos de alterações estruturais. Em geral, elas provocam doenças , até mesmo o câncer , e infertilidade , mas , às vezes , originam outras combinações genéticas que servirão de matéria-prima para a evolução. Como já sabemos , a primeira parte do processo de evolução - caracterizada pela variedade genética - é feita ao acaso. A segunda - caracterizada pela seleção natural - não ocorre ao acaso , sendo influenciada pelos fatores ecológicos do ambiente. De forma simplificada , podemos dizer que os genes sofrem mutações aleatórias (no sentido de que seu aparecimento não é determinado por uma possível vantagem adaptativa); os indivíduos são selecionados em função de suas vantagens adaptativas , as populações evoluem. Como veremos , porém , a evolução das espécies é influenciada ainda por outros fatores, como a migração e a deriva genética. Os cientistas já estudaram vários casos de seleção natural. O processo é mais facilmente observado em populações que se reproduzem de forma rápida , como bactérias e certos insetos que atacam plantações.  Em uma populações de insetos , a alta taxa de reprodução por via sexuada fornece populações extremamente variadas , nas quais a quantidade de genes mutantes diferentes é muito alta. Quando essa população é submetida a determinado inseticida por um período prolongado , os indivíduos sensíveis morrem e os mutantes resistentes sobrevivem. Gradativamente , geração após geração, diminui a quantidade de sensíveis e aumenta a de resistentes. Podemos entender a seleção natural como uma reprodução diferencial : no início , os mutantes resistentes são raros; a partir do momento em que o inseticida aparece , esses mutantes passam a ter muito mais possibilidade de sobreviver que os indivíduos sensíveis , que são a maioria da população. Assim, esses mutantes  podem deixar uma prole maior , e os indivíduos sensíveis morrem antes de se reproduzirem ou vivem pouco tempo e deixam poucos descendentes. Por isso a frequência de indivíduos resistentes aumenta aos poucos e eles acabam constituindo praticamente toda a população. É importante ressaltar que a mutação resistente ao inseticida não foi provocada pelo produto. Ela já existia em baixa frequência. A ação do inseticida consistiu em selecioná-la positivamente e espalhá-la na população. É claro que esse tipo de inseticida se torna incapaz de controlar o crescimento dos insetos a partir do momento em que toda a população for constituída por mutantes resistentes.


A Reprodução Dos Seres Vivos


Até a metade do século passado, era comum a crença de que os seres vivos pudessem originar-se a partir da matéria bruta, inanimada , existente no meio. Nisso se baseava a antiga concepção da geração espontânea. Os conhecimentos  modernos de Biologia vieram mostrar que , nas condições atuais do mundo, todo ser vivo provém de outro ser vivo , por um processo mais simples ou mais complicado de reprodução, mas nunca por geração espontânea. A reprodução é um fenômeno presente em todos os tipos de seres , sejam eles animais, plantas , bactérias ou vírus. Nem sempre a reprodução exige a participação conjunta de dois indivíduos de sexos diferentes. Nós veremos casos em que um indivíduo isolado (uma fêmea) pode ter crias. Também veremos que, para haver reprodução , mas nunca por geração espontânea. A reprodução é um fenômeno presente em todos os tipos de seres , sejam eles animais , plantas , bactérias ou vírus. Nem sempre a reprodução exige a participação conjunta  de  dois indivíduos isolado (uma fêmea) pode ter crias. Também veremos que, para haver reprodução sexuada entre um macho e uma fêmea , não há necessariamente a obrigação de haver um ato sexual ou cópula. As plantas reproduzem-se sexuadamente e, entre elas , não há nenhuma realização de coito. Os anfíbios , como os sapos , realizam um encontro que não passa de um aparente ato sexual, pois , na realidade , espermatozoides e óvulos são lançados na água. E nela ocorre a fecundação. Existem ainda, outros e seres que requer produzem espermatozoides ou óvulos. Eles não se reproduzem a partir de células especializadas para a reprodução , mas graças à simples fragmentação dos seus corpos. Estes seres nem precisam de  órgãos sexuais, como  é o caso da ameba. Já com mais complexidade , existem seres que possuem num único corpo os órgãos reprodutores de ambos ou sexos. Eles são chamados hermafroditas. E muitos deles podem fecundar-se a si mesmos (autofecundação) , originando descendentes. É o que ocorre , por ocorre, por exemplo , com as tênias ou solitárias. Como você vê , o fenômeno da reprodução é muito variável nas suas formas de ocorrência. Muitas vezes , você vai observar que um mesmo grupo de organismos pode realizar diferentes modalidades de reprodução , conforme circunstâncias especiais do ambiente ou da sua própria condição interna. O fenômeno da reprodução abre caminho para comentários sem fim . Alguns deles são capazes de nos levar a conjecturas muito atraentes . Veja , por exemplo, que numa simples ejaculação de um homem normal, são eliminados de 200 milhões a 300 milhões de espermatozoides. Se cada uma dessas células pudesse originar uma nova criatura , um homem estaria apto a povoar toda a América do Sul com um única ejaculação. E, durante toda a sua vida , ele poderia povoar grande parte de uma galáxia. No entanto , cada homem , no mundo moderno, não tem mais que alguns poucos descendentes. Admitindo-se que a população humana mundial tenha cerca de três bilhões de pessoas , e que cada uma delas tenha surgido a partir de um espermatozoide , poder-se-ia, então calcular que todos os espermatozoides que originaram a atual população mundial (tendo em vista a pequeníssima dimensão do gameta masculino) caberiam no modesto espaço de uma pílula.  Outra conjectura interessante revela que o corpo de um homem adulto tem um peso 50 bilhões de vezes maior do que o peso do pequeno zigoto que o originou . O zigoto , você se lembra , é a primeira célula resultante da união de um espermatozoide com um óvulo. E essa célula se reproduz tantas vezes , que aos poucos , o organismo se diferencia , surge , nasce e cresce. Mas tudo isso acontece dentro de uma incrível programação genética contida inicialmente nos minúsculos núcleos dos gametas. Quase tudo o que acontece na intimidade de um organismo já estava planejado (como uma programação de computador) através de genes muito especiais. Veja bem : se os alimentos são mais ou menos os mesmos para todos os tipos de indivíduos , e os fenômenos nutritivos apresentam impressionante semelhança entre todos os seres , como explicar que, a partir dos mesmos protídios , glicídios , lipídios , sais e vitaminas , cada organismo se desenvolva , formando suas próprias substâncias , tanto no sentido específico quanto individual ? Podemos constatar este fato observando que do mesmo solo e , portanto, das mesmas fontes nutritivas , diferentes plantas formam seus frutos com sabores diversos , como o lião , o jiló , a banana , ou produzem flores das mais variadas formas , dimensões , cores e perfumes. Toda a "programação" de cada organismo está contida no núcleo das suas células , sede dos fatores de ligação entre o indivíduo e a sua descendência.  A Reprodução e Genética são dois capítulos indissociáveis da Biologia . Estão sempre de mãos dadas.
  

Mata Atlântica


 Também conhecida como floresta pluvial costeira, a mata Atlântica é uma floresta tropical , de clima quente e úmido, que se entende , em fragmentos esparsos, ao longo do litoral brasileiro. Entre as árvores , há o jequitibá-rosa , a quaresmeira, o fedegoso, o ipê , a embaúba , a palmeira-juçara (que fornece o palmito), a canela, o jacarandá, o cedro e a peroba. No interior da floresta há grande variedade de trepadeiras , mata paus e pteridófitas. Nela vivem diversos mamíferos , muitos ameaçados de extinção : marsupais (como o gambá e a cuíca-d'água), primatas (como o muriqui, o mico-leão , o mico-leão-dourado , o sagui-preto e o macaco-prego), guaxinins (mão-pelada), quatis , onças-pintadas, gatos-do-mato, cachorros-vinagre,suçuaranas, caxinguelês, cutias, ouriços-cacheiros, porcos-do-mato, tatus, pacas ,tamanduás-mirins , capivaras , antas e preguiças . Entre as aves , macuco , inhambu, patos selvagens , gaviões , mutum , saracura , tié-sangue, sanhaço, araponga, muitas espécies de beija-flor e saíra-sete-cores. Os répteis são representados pelos teiús (lagartos que podem ter mais de 1 m de comprimento), calangos, lagartixas , cágados , jabutis , jararacas , cobras-corais, surucucu e jiboia. Além eles , existem anfíbios , peixes e invertebrados.  Desde o início de colonização , a mata Atlântica foi o ecossistema que mais sofreu com a ação humana . A extração do pau-brasil (usado como fonte de corante vermelho para tecidos), o ciclo da cana-de-açúcar e o do café , a mineração, a extração de madeiras nobres , a pecuária , caça predatória e a ocupação de cidades (cerca de 2/3 da população vivem em áreas originalmente ocupadas pela mata Atlântica) foram os principais fatores da devastação ecológica dessa região. Restam apenas cerca  de 7% pouco mais de 10 000 km2 , transformados em parques estaduais e nacionais , protegidos por lei. Com o cerrado, a mata atlântica é o ecossistema mais ameaçado do mundo, ao mesmo tempo que é um dos 34 hotspots ("pontos quentes", em inglês), ou seja, regiões de grande biodiversidade e ameaçadas de extinção. Ela apresenta também muitas espécies endêmicas (exclusivas desse biomas). Para ser considerado um hotspot, um ecossistema deve ter pelo menos 1500 espécies endêmicas de plantas e ter perdido 70% ou mais de sua área original. Embora correspondam a menos de 3% da superfície do planeta , os hotspots abrigam cerca de metade de todas as espécies de plantas e 40% das espécies de vertebrados terrestres. Associados à mata Atlântica aparecem ecossistemas costeiras, como os manguezais e as restingas , com vegetação adaptada a solos arenosos e secos, formada por evas , arbustos e algumas árvores (aroeira-da-praia, cajueiro, etc.).


Diversificação da Disciplina


 Se no período anterior as bases da Sociologia estavam dadas , mesmo com a presença de uma ditadura militar no Brasil a partir de 1964, a disciplina começou a expandir-se principalmente nos grandes centros urbanos e passou a relacionar-se com outros campos das ciências humanas. As discussões sobre o processo de industrialização crescente e a chamada "modernização" do Brasil foram o centro das atenções. A discussão sobre o desenvolvimento tinha relação com os estudos dos economistas. A questão educacional também esteve presente , pois , de alguma forma , todas as questões sociais estavam vinculadas à precariedade da educação nacional. Aqui a relação era com os pedagogos.  Principalmente depois do golpe militar de 1964 , foram muito discutidos temas relacionados ao autoritarismo e ao planejamento , fazendo interface com a ciência política. Outras discussões e polêmicas estavam presentes : trabalho, formação da classe trabalhadora, sindicalismo, urbanização, transformações no campo , marginalidade social, dependência econômica , entre outras. Espelham essas preocupações a grande quantidade de livros publicados e, no interior das universidades, o interesse por disciplinas como Sociologia do desenvolvimento, Sociologia urbana , Sociologia rural, Sociologia Industrial e do trabalho, Sociologia do planejamento e Sociologia da educação e da juventude.  A partir da década de 1980 , expandiram-se os cursos de pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Ciências Sociais e em Sociologia em todo o território nacional , elevando o nível , em número e qualidade , das pesquisas e do ensino de Sociologia. A presença da Sociologia no ensino superior e de pós-graduação consolidou-se no Brasil pelas mais variadas abordagens e com uma multiplicidade de temas , surgindo assim muitas "sociologias" especiais: do desenvolvimento , o trabalho , do conhecimento , da arte , da educação , urbana , rural , da saúde , da família , etc. As preocupações e temáticas anteriores continuam presentes , mas outras passaram a ser foco de interesse de muitos estudiosos , até com a realização de encontros e congressos específicos , como violência , gênero , religião, juventude , comunicação e indústria cultural. Muitos foram os intelectuais que, em diferentes áreas do pensamento sociológico , desenvolveram pesquisas e ensino. Entre outros , além dos já mencionados , relacionamos alguns dos que , a partir das décadas de 1960-1970, tiveram suas obras lidas e reconhecidas no Brasil e também no exterior : Octávio Ianni (1926-2004) , Fernando Henrique Cardoso (1931) , Leôncio Martins Rodrigues (1934), Heleieth Saffioti (1934) , Marialice Mencarini Foracchi (1929-1972) , Elide Rugai Bastos , Francisco de Oliveira (1933) , Luiz Eduardo Waldemarin Wanderley (1935) , José de Souza Martins (1938) , Gabriel Cohn (1938) , Luiz Werneck Vianna (1938) , Simon Schwartzman (1939) e Maurício Tragtenberg (1929-1998) . Uma nova geração de sociólogos encontra-se hoje nas diversas universidades brasileiras. Entre outros , podem ser citados : Sérgio Miceli (1945) , José Vicente Tavares dos Santos (1949) , Renato Ortiz (1947) , Gláucia Kruse Villas Bôas (1947) , Ricardo Antunes (1953), Elisa Reis (1946) , Brasílio Sallum Júnior (1946) e Laymert Garcia dos Santos (1948).



Resumo da Fecundação


Nos vertebrados , os anexos embrionários são:
¤Vesícula vitelina : função nutridora (todos os vertebrados);

¤ âmnion ou bolsa aminiótica: função protetora (apenas répteis , aves e mamíferos). Ausente em peixes e anfíbios;
¤ alantóide : função respiratória , excretora e transportadora de cálcio (desenvolvida em aves e répteis e atrofiada nos mamíferos). Também ausente em peixes e anfíbios;
¤ córion: função protetora (ovíparos e vivíparos);
¤Placenta: funções de trocas gasosas e metabólicas , imunização fetal e atividade hormonal (apenas mamíferos);
¤cordão umbilical: comunicação entre o embrião e a placenta (apenas mamíferos);
¤Decídua: função protetora (apenas mamíferos). Os gêmeos podem ser : univitelinos ou bivitelinos. Os univitelinos formam-se a partir de um mesmo zigoto. Têm constituições genéticas idênticas. Os bivitelinos decorrem de óvulos distintos fecundados por espermatozoides igualmente distintos. O que significa dizer que são provenientes de zigotos diversos. Naturalmente , têm constituições genéticas diferentes. A formação de gêneros univitelinos pode ser decorrente de uma divisão inicial dos blastômeros , na mórula , ou de uma divisão do embrioblasto, no blastocisto. No segundo caso, recebe o nome de blastodiérese. Quando os embriões de origem monozigótica não se separam completamente , resultam conceptos que se mostram ligados por alguma parte do corpo. Eles são conhecidos como irmãos siameses, por analogia com os gêmeos Chang e Eng , nascidos na Tailândia em 1811 e falecidos em Nova York em 1874, os quais viveram ligados entre si pelo tórax. Também se usa qualificar gêneros concrescentes pelo termo de xifópagos. Eles podem se mostrar ligados entre si pelo apêndice xifoide , pelo sacro ou pelo crânio. A placenta representou na evolução das espécies, uma contribuição da Natureza aos mamíferos , permitindo-lhes desenvolver suas criar embrionariamente dentro do ventre materno, com maior segurança . Isso evita o ataque predador aos ovos (o que ocorre com os animais ovíparos), que limita muito o número de descendentes viáveis. Assim, os mamíferos podem ter menos descendentes , porém com uma viabilidade maior dos mesmos.


O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto E A Revolta Dos Estudantes


Há no Brasil um movimento social que não aparece muito nos jornais e na televisão: o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto , atuante principalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo , Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Os sem-teto agem de modo organizado. Uma das formas de pressão que adotam é a ocupação de imóveis. As ações envolvem de cem a duzentas famílias , que se instalam no local escolhido e informam às autoridades que passarão a viver ali, mesmo em condições precárias , até que lhes seja propiciada uma opção de moradia. Quando a polícia , em consequência de uma ação judicial , força a desocupação do local, os sem-teto procuram outro imóvel e organizam nova ocupação. Os alvos mais frequentes são imóveis velhos e desocupados, em geral edifícios abandonados por proprietários que deixaram de pagar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) , forçando o poder público a desapropriá-los. Em alguns casos , sob a pressão dos sem-teto , os governos declaram esses edifícios de interesse social, possibilitando que se tornem moradia para quem não a tem. A maioria dos participantes do movimento são trabalhadores que não têm condições de pagar um aluguel , mínimo que seja, ou que não querem morar na periferia , pois não têm recursos para pagar aluguel e transporte até seus postos de trabalho. Há entre os sem-teto trabalhadores que ganham no máximo um salário mínimo , e muitos desempregados.  Na terceira semana de setembro de 2003, milhares de estudantes de 12 a 22 anos paralisaram por três dias a capital da Bahia, Salvador , manifestando-se contra o aumento das passagens de ônibus. Em ações relâmpago , eles invadiam as principais ruas e avenidas e bloqueavam o trânsito, sentando-se no chão para impedir a passagem dos veículos. A manifestação ocorreu sem nenhuma articulação de organizações estudantis ; muito ao contrário , os estudantes negaram a possibilidade de liderança tanto da União Nacional dos Estudantes (UNE) quanto da União Baiana dos Estudantes Secundaristas (UBES) , pois não queriam ser acusados de servir como instrumentos políticos dessas organizações , que , na expressão deles, possuem vinculações partidárias.  As ações relâmpago eram definidas em mini-assembleias e em cada ponto da cidade decidia-se quem podia passar ou não. A preocupação era não prejudicar as pessoas que necessitavam chegar ao local de trabalho, além de garantir o livre trânsito de mulheres grávidas, idosos e portadores de alguma deficiência. Em sua maioria , os participantes das manifestações eram alunos que viviam na periferia da cidade , o que significa que os gastos com transporte tinham um peso importante no orçamento familiar. Com o movimento , eles conseguiram que o prefeito e seus auxiliares sentassem para discutir o aumentar e a implantação da meia passagem para os estudantes.


Cromatina Sexual e Herança Ligada ao X


 Vamos analisar agora o que ocorre com as mulheres heterozigóticas para anomalias ligadas ao X. Nesses casos, algumas células terão um cromossomo X ativo, portador do alelo dominante, ficando o outro cromossomo X, portador do alelo recessivo, condensando na forma de cromatina sexual. Assim, as células de uma mulher heterozigótica para essas anomalias será geneticamente diferentes entre si. Isso nunca acontece com as células do corpo dos homens , pois eles são sempre hemizigóticos. Mulheres heterozigóticas para a distrofia muscular progressiva podem apresentar o quadro clínico da doença quando um maior número de suas células portam o cromossomo Xd ativo. Essa é uma condição rara, pois a imensa maioria das mulheres heterozigóticas para a distrofia são normais . Elas possuem , em média , 50% de suas células com o XD ativo e 50% com o Xd ativo. Essas porcentagens são suficientes para que o fenótipo seja normal. A inativação do X é aleatória : em algumas células é inativo o cromossomo X que veio da mãe, e em outras o X que veio do pai. Esse processo ocorre bem no início do desenvolvimento embrionário e surpreendentemente persiste em todas as mitoses seguintes. Como resultado , o corpo das mulheres é uma mistura ou mosaico de células distintas com relação ao X ativo, pois algumas possuem o X ativo que veio da mãe e outras X ativo que veio do pai.  Embora isso ocorra em todas as mulheres , só se detecta esse mosaico quando a mulher é heterozigótica para genes ligados ao X relacionados a características que se expressem no aspecto externo do corpo, pois algumas de suas células terão ativo o alelo recessivo e outras , o alelo dominante. Um exemplo disso é a displasia ectodérmica anidrótica, relacionada com a distribuição de glândulas sudoríparas no coro .  A mulher heterozigótica apresenta um mosaico de setores do corpo com e sem essas glândulas : em algumas áreas é o alelo dominante do gene que se manifesta e há formação de glândulas sudoríparas; em outras áreas é o alelo recessivo que se manifesta e não há formação de glândulas sudoríparas.